
Vulnerabilidade expõe 4,5 milhões de modems no Brasil
São Paulo – Aproveitando vulnerabilidades antigas e uma série de fatores
combinados, hackers sustentaram um ataque em massa silencioso em modems
DSL no Brasil, comprometendo 4,5 milhões de aparelhos pelo menos até
março deste ano. De acordo com um post no blog oficial da empresa de
segurança Kaspersky nesta segunda-feira, 1º, a falha vem sendo explorada
desde 2011 ao utilizar uma brecha em firmwares dos equipamentos
desatualizados para injetar software malicioso (malware) e levar usuários a sites falsos para roubar informações bancárias e pessoais.
O ataque (identificado como HackTool.Shell.ChDNS.a.) foi informado em
março deste ano pelo centro de estudos, resposta e tratamento de
incidentes (Cert.br) para bancos, provedores de Internet, fabricantes de
hardware e agências governamentais. Alguns dos fabricantes
disponibilizaram atualizações no firmware para correção e instituições
financeiras expuseram os servidores maliciosos utilizados no ataque.
Ainda assim, ainda haviam milhares de modems comprometidos.
Na visão do especialista em segurança dos laboratórios da Kaspersky que
divulgou o ataque de enorme proporção no País, o brasileiro Fábio
Assolini, a ação foi uma “tempestade perfeita”, ou seja, uma combinação
de fatores propícios para os criminosos. No post, ele diz que houve
omissão dos fabricantes, provedores e agências governamentais em
combinação com a falta de conhecimento dos usuários.
Segundo o executivo, há registros de ataques em todos os maiores
provedores de Internet no Brasil, com algumas delas tendo 50% de sua
base de usuários comprometida. Ele cita a Oi, Net, Telefônica e GVT em
seu post. A Net, contudo, não utiliza modems xDSL, e sim cable modems,
mas esse detalhe não é esclarecido pela Kaspersky em seu post.
De acordo com Assolini, uma falha no firmware de um chipset da Broadcom
– que equipa modems de diversos fabricantes – permite a captura da
senha do aparelho e o controle do painel de administração de forma
remota. A vulnerabilidade foi descoberta em março de 2011 e, segundo o
especialista em segurança, não há uma informação precisa sobre que
versões e equipamentos foram afetados, o que dependeria dos próprios
fabricantes. Ainda assim, ele afirma que houve registros de pelo menos
seis empresas de modems DSL afetadas, cinco delas populares no Brasil e
com modelos entre os mais vendidos do mercado.
Fábio Assolini disse no post da Kaspersky que muitos fabricantes se
negaram a agir rapidamente mesmo após terem sido alertados sobre o
problema. Ele critica ainda a Anatel por não tratar do aspecto de
segurança nos aparelhos, limitando-se a averiguar a “funcionalidade” do
dispositivo. A agência, na verdade, realiza testes sobre frequência,
interferência e outros fatores relacionado às telecomunicações, mas não
faz testes lógicos.
Os ataques teriam sido realizados por cibercriminosos brasileiros
utilizando 40 servidores DNS (que direcionam os serviços de hospedagem)
para controlar o tráfego do usuário pelos modems e direcioná-lo para
sites que copiam portais populares como Google, Facebook e Orkut. Neles
eram exibidos avisos sobre a necessidade de se instalar plugins – na
verdade, o malware que se instalava nas máquinas das vítimas. O
objetivo, na verdade, era conseguir as informações dos usuários em sites
de bancos. Os ataques se limitaram ao Brasil apenas.
Segundo Fábio Assolini, da Kaspersky, o usuário pode se prevenir
utilizando senhas fortes em seus modems, checando as configurações de
segurança e atualizando o firmware ou qualquer software relevante
regularmente. O resto, diz ele, é responsabilidade dos fabricantes e
seus projetos de dispositivos.
Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/vulnerabilidade-expoe-4-5-milhoes-de-modems-no-brasil