Como deve funcionar o controle financeiro de ONGs e Associações?

14 ago

Como deve funcionar o controle financeiro de ONGs e Associações?

As ONGs e Associações fazem parte de um nicho de mercado que é operado, em grande maioria, por uma massa voluntária que aplica seu tempo como investimento em um projeto no qual acredita. Só que a dedicação de meio período vem acompanhada de falhas em processos, gestão e, principalmente, controle financeiro e contabilidade de ONG, que acabam implicando diretamente no desenvolvimento da instituição.

Em 2016, a Associação Nacional das ONGs (ABONG) fez uma contagem e concluiu que o Brasil ultrapassava a marca de 350 mil entidades operando sem fins lucrativos. Tendo em vista o atual cenário econômico, as organizações do terceiro setor precisam obter respostas quanto ao seu progresso e sobrevivência, não sendo difícil perceber a importância que a saúde financeira tem no meio de tudo isso. É dela que partem novas iniciativas e projetos, chances de parcerias e sustentabilidade do negócio.

Contando com pouco capital intelectual e baixo investimento, qual o melhor caminho a ser traçado para obter total controle das finanças da sua ONG?

Entenda o seu cenário

É muito importante que o gestor financeiro de uma ONG tenha plena consciência do cenário no qual atua. Aqui, é fundamental estruturar bem os fluxos de gastos da instituição, antecipar possíveis imprevistos e conhecer as principais fontes que podem suprir necessidades surpresas. Essa análise deve ser constantemente documentada, servindo não somente como caracterização do cenário, mas também como base para a tomada de decisão no futuro.

Faça o controle financeiro do seu fluxo de caixa

Uma gestão financeira de qualidade pode ser o grande elemento diferenciador entre um projeto que dá certo e outro que não dá. Por isso, o fluxo de caixa é uma ferramenta essencial para pautar a tomada de decisão e otimizar os recursos disponíveis. Utilizá-lo requer, somente, organização para documentar as movimentações financeiras diárias da sua entidade.

Esse controle da entrada e saída de dinheiro pode ser realizado por meio de programas simples, como o Excel, e até softwares otimizados para facilitar o processo de controle financeiro, qualificando o seu tempo e direcionando os seus esforços aos processos que necessitam de maior atenção.

Ganhe maturidade no processo de controle financeiro

Com o passar do tempo, controlar seus gastos e suas entradas será parte da rotina administrativa da sua entidade. Isso fará com que você e todos os outros envolvidos no processo entendam a importância e passem a colaborar para que o mesmo seja mantido.

Isso é importante para que você avance no quesito maturidade em gestão financeira, podendo caminhar para processos mais robustos que favoreçam não somente a sustentabilidade da entidade, mas também tragam novas tecnologias para atuar em prol da captação de novos recursos e no desenvolvimento de projetos.

Entenda as especificidades desse tipo de contabilidade

Qualquer organização da sociedade civil é uma instituição de interesse público, mantida por meio de recursos de companhias do setor privado ou de pessoas físicas. Por essa razão, o terceiro setor tem algumas normas contábeis visando a clareza e a lisura em suas atividades. Então, é fundamental ter muita atenção e cuidado com esse tipo de contabilidade, para que o uso desses recursos financeiros seja sempre devidamente esclarecido e demonstrado corretamente.

Quando a contabilidade é precisa, organizada e sem erros, ela resulta no ganho de credibilidade da Organização da Sociedade Civil (OSC) junto a todos os seus doadores. Quem sai ganhando é a sociedade como um todo, que conta com as ações dessa ONG.

Vejamos, abaixo, quais são as especificidades das atividades contábeis para o terceiro setor.

Superávit x Défict contabilizado

Para buscar a transparência em sua contabilidade, a norma responsável por regulamentar os procedimentos contáveis desse nicho de mercado é a Norma Brasileira de Contabilidade — NBC T 10.19.1.3. Ela proíbe que os resultados positivos do faturamento de uma ONG ou associação sejam destinados aos donos do seu patrimônio líquido. Essa rentabilidade é compreendida como superávit e possíveis prejuízos como déficit.

Apresentação das demonstrações contábeis no terceiro setor

Toda demonstração contábil do terceiro setor é realizada considerando o Patrimônio Líquido, do mesmo jeito que empresas do mercado privado fazem. A distinção fundamental fica a cargo da terminologia que é usada. Por exemplo, enquanto no âmbito privado utiliza-se o termo Patrimônio Líquido, no terceiro setor ele é denominado Patrimônio Social.

Balanço patrimonial do terceiro setor

A principal função do balanço patrimonial é fazer a demonstração da interpretação da situação do patrimônio e das finanças de uma organização. Para organizações não governamentais e associações, não podemos usar a expressão “capital social”. Isso porque esse é um termo empregado para companhias que buscam ter lucro. As OSCs substituem essa expressão por “patrimônio social” ao elaborar o demonstrativo do seu balanço.

Demonstrações de superávit e déficit no terceiro setor

O superávit representa a lucratividade de uma instituição. Em contrapartida, o déficit caracteriza o saldo negativo de determinado período contabilizado. Isto posto, demonstrar o superávit ou o déficit é apresentar resultados positivos, negativos ou neutros do faturamento do intervalo contábil. Para isso, deve-se discriminar no campo de receitas e despesas o déficit ou superávit da OSC.

Demonstração das mutações do patrimônio líquido social

O demonstrativo das mutações do patrimônio líquido social permite tornar evidente um intervalo com alterações dos resultados acumulados da ONG, completando as informações do demonstrativo de superávit e déficit, para esclarecer as alterações nas contas do patrimônio social.

Demonstração das origens e aplicações de recursos

O demonstrativo contábil de ONGs e associações do terceiro setor precisa ser realizado de maneira a apontar qual foi a origem de todo o capital recebido. As aplicações desses recursos precisam ser demonstradas com transparência, apresentando a destinação dos mesmos.

O importante a entender é que a contabilidade requer cuidados e organização para o fechamento das informações, independente do setor a qual se aplica, e os cuidados com a contabilidade no terceiro setor devem ser os mesmos. Especialmente no terceiro setor, as exigências contábeis são necessárias para dar clareza às informações e validação dos resultados juntos aos órgãos de fiscalização.

Agora que você já sabe como desenhar o processo básico para contabilidade de ONG ou Associação, o desenvolvimento de um planejamento mais abrangente se torna possível de acontecer, fazendo com que seus objetivos sejam alcançáveis.

Para ir mais a fundo no conhecimento a respeito do controle financeiro dentro da sua ONG, faça o download do Guia da Gestão Financeira para terceiro setor.